quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Comemoram-se os 20 anos da queda do Muro de Berlim



Por Margarida Marques no Correio do Minho:

"Comemorámos no dia 9 de Novembro os 20 anos da Queda do Muro de Berlim. Quando falamos da Queda do Muro de Berlim não falamos apenas de uma realidade física, um muro físico construído, e do atravessamento livre do muro por dezenas de milhares de cidadãos do leste europeu que se lhe seguiu, mas de uma realidade política. A Queda do Muro de Berlim tem um valor político simbólico fortíssimo e com consequências politicas imensas.
É o resultado de um percurso anterior de oposições aos regi-mes dos países da Europa Central e de Leste mas é simultaneamente o início de uma nova realidade, um desafio enorme para a Europa e para o Mundo.

Na Polónia, o papel do SolidarnoÊç de Lech Walesa e o papel do Papa. Na Hungria com o Primeiro-ministro Miklos Ne-meth em 1988, a abertura da fronteira com a Áustria em 2 de Maio de 1989 e o pic-nic organizado em Agosto desse ano nessa fronteira. A revolução de veludo da Checoslováquia com a Carta 77, em que Vaclav Havel era o primeiro signatário, e o Fórum Cívico. Na ex-RDA, a saída massiva de alemães de leste para o ocidente através da fronteira austro-húngara já aberta; a contaminação da opinião publica pelo espírito de abertura de Michael Gorbatchov; os movimentos de massas em Liepzig. São apenas alguns exemplos do que foram as iniciativas políticas que criaram condições para a democratização desses países. Foram os cidadãos destas na-ções, as sociedades civis que combateram regimes autoritários e que se empenharam na construção de sociedades democráticas. As grandes mutações ocorridas não foram o resultado de confrontos militares a que a Europa e particularmente a Europa Central e de Leste estava habituada, mas sim o resultado destes movimentos sociais.

A Queda do Muro de Berlim criou uma nova realidade. Acelerou todas as análises que se faziam na altura. A Queda do Muro estava no horizonte, mas mais para o inicio do século XXI reconheceu Gorbatochov, nas comemorações que tiveram lugar em Berlim no próprio dia 9 de Novembro, enquanto líder da URSS e fazedor do processo de abertura a leste.
Alguma imprensa internacio-nal de referência, na altura, atribuiu um valor relativo à Queda do Muro. Poucos foram os que na altura conseguiram prever as suas consequências. Mas este acontecimento ultrapassou tudo o que se poderia prever na altura e podemos dizer que acelerou a história.

Assistimos à chamada abertura a leste, à criação de sociedades democráticas, à consolidação das democracias em países da Europa Central e de Leste. E à adesão desses países à União Europeia (UE). Esses países tiveram vontade e iniciativa política de integrarem a UE; a União Europeia abriu-lhes as portas. Aí nasceu uma outra Europa. Uma Europa que passou de 15 para 27 países, de 350 para 500 milhões de cidadãos. Uma Europa com mais peso no quadro mundial, mais diversa, mas também mais complexa.

Ao olharmos para este período da história de Europa, temos a sensação de estarmos a olhar para algo de muito semelhante ao que se tinha passado antes com países da Europa do sul, como a Grécia primeiro e depois Portugal e Espanha. Sociedades autoritárias que se democratizaram e cujos países se tornaram membros da União Europeia. É importante lembrar-mo-nos que quando Portugal pede a adesão à União Europeia, com o Primeiro-Ministro Mário Soares, Portugal usa dois tipos de argumentos: a consolidação da democracia em Portugal (estávamos em 1977) e o desenvolvimento económico. Os pedidos de adesão dos novos países que se tornaram Estados-Membros da União Europeia recorriam igualmente a estes argumentos. Sentimos o reviver deste período da nossa história.

Neste ano de 2009 comemoramos a Queda do Muro de Berlim, mas comemoramos também 5 anos do maior alargamento de sempre.
É um dever de memória e de cidadania comemorar a Queda do Muro de Berlim. "

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